Chico Júlio

Francisco Alves Pereira de Magalhães, nasceu ao 2 de Outubro de 1848, no Conselho de Celorico de Basto, freguesia de Ourilhe, Portugal, filho de Joaquim Alves Pereira de Magalhães e de Teresa Alves Leite. Foram seus avós paternos, José Alves Pereira e Antônia Quitéria de Souza e, maternos Joan Manoel Teixeira e Custódia Alves Leite, foi batizado dia 4 de outubro de 1.848 na Igreja de São Tiago de Corvilho, pelo Vigário José Baltazar Leite, no mesmo Conselho de Celorico de Basto.

Aos treze anos de idade, veio para o Brasil em companhia de um amigo da família, Júlio César de Barros Ribeiro, à bordo do paquete inglês "Tync", chegando ao Rio de Janeiro dia 4 de outubro de 1.861, onde deu entrada no Brasil como Francisco Alves Leite, adotando o sobrenome de sua mãe, Teresa e avó Custódia Alves Leite. Em seguida veio  para Franca, ficando abrigado na casa do mesmo Júlio César de Barros Ribeiro, que naquela época havia se estabelecido com uma venda na antiga Estalagem. Por sua dedicação ao trabalho e ao patrão, ficou conhecido pela alcunha de "Chico do Júlio", forma mais tarde abreviada para Chico Júlio, esse apelido prevaleceu mesmo após sua morte, através da chácara e depois loteamento.

Dedicou-se mais tarde ao comércio do sal. Após ter adquirido alguma experiência, com apenas vinte anos (1.868), iniciou seu próprio negócio, comprando carros do patrão e alugando outros dos fazendeiros da região para ir buscar em Campinas o precioso produto.

As viagens eram penosas e levavam cerca de 40 dias, pois os carros eram "carros de bois".

Mais tarde, quando a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro chegou a Casa Branca, as viagens tiveram seu itinerário reduzido.

Chico Júlio ampliou então seu negócio de comércio com Álvaro de Lima Guimarães, ambos passaram a comprar o sal e revendê-lo em Franca, que em fins do século XIX, era o entreposto de sal abastecedor de todo o sertão central.

Estava com 22 anos quando se casou em primeiras núpcias, ao 14 de Agosto de 1870, às 10 horas da noite, com Maria Cândida de Jesus, filha do Capitão José Ferreira Mendes (1° Tabelião local) e de Maria Cândida de Jesus.

  Deste casamento teve os seguintes filhos nascidos em Franca :

1.     José Alves Pereira Leite, nascido no dia 12 de Junho de 1.871

2.     Joaquim Alves Leite, nascido no dia 25 de Junho de 1.873

3.     Ernesto Alves Leite, nascido no dia 01 de Fevereiro de 1.875

Em 1.875 seu sogro falece, e  lhes deixa como herança uma chácara próxima à cidade, denominada Água Santa. Sua sogra Maria Cândida de Jesus faleceu dia 21 de Março de 1.882. Esta chácara seria o centro de sua nova atividade.

Em seguida teve mais os seguintes  filhos:

4.     Júlio Alves Leite, nascido no dia 19 de Março de 1.877

5.     Francisco Alves Leite Júnior, nascido no dia 17 de Setembro de 1.878

Maria Cândida de Jesus, faleceu em Franca ao 3 de Dezembro de 1.880, às 3 horas da tarde.

        Contraiu segundas núpcias, com 33 anos, em 1° de Março de 1.881, com Maria Alves da Conceição, nascida em Franca dia 13 de Setembro de 1.857, filha de José Luiz Andrade, falecido em Franca ao 4 de Julho de 1.864 e de Francisca Rosa do Patrocínio, falecida em Franca dia 24 de Outubro de 1.891. Após seu casamento passa a residir na chácara. O sal havia deixado de ser o produto rei para ceder seu cetro ao café, nova fonte de riquezas.

Deste segundo casamento, teve mais os seguintes filhos nascidos em Franca :

6.     Maria Alves Leite, nascida no dia 09 de Dezembro de 1.881

7.     Antônio Alves Leite, nascido no dia 28 de Maio de 1.883

8.     Maria José Alves Leite, nascida no dia 30 de Abril de 1.885

9.     João Alves Leite, nascido no dia 25 de Maio de 1.887

Com a chegada da Mogiana em Franca no ano de 1.887, houve uma mudança radical na atividade comercial local. Para tanto, cedeu parte da chácara para travessia da ferrovia.

Nasce mais um filho:

10. Afonso Alves Leite, nascido no dia 19 de Fevereiro de 1.892

Em 1.892 com 44 anos, constrói um casarão bem próximo da Estação Ferroviária, para maior facilidade de embarque do café. Neste casarão, nasceram-lhe mais três filhos:

11. Tarcizo Alves Leite, nascido no dia 14 de Novembro de 1.893

12. Anna Alves Leite, nascida no dia 24 de Janeiro de 1.896

13. José Alves Leite, nascido no dia 22 de Fevereiro de 1.899

Ao lado do casarão, Chico Júlio monta a primeira máquina à vapor, importada da Inglaterra, destinada a beneficiar o café. Obteve com Dr. Rebouças, Inspetor da Mogiana, a construção de um desvio da mesma até a porta de sua máquina. Tinha fazendas também, junto a estação ferroviária de Guará.

De extraordinária vitalidade física, administrava a sua imensa extensão territorial com grande senso prático e eficiência econômica. Inteiramente devoto ao trabalho, não apreciava festas e raramente as freqüentava. Eminentemente prático, objetivo, enxergava tudo pelo prisma pragmático, fora das reações sentimentais. Parco de palavras, sisudo, quase sempre, era temido pela família. A educação dos filhos ficava inteiramente a cargo de sua mulher. Freqüentara a escola apenas um ano, em Portugal, porém, escrevia muito bem.

Também contribuiu com o  desenvolvimento urbano do bairro da Estação, loteando a Vila Chico Júlio, sendo o mesmo aprovado em 20 de Janeiro de 1.925.

Cercado de consideração, faleceu em Franca com 85 anos no dia 30 de Outubro de 1.933.

A rua dos automóveis, segundo o cadastro imobiliário, já era denominada Chico Júlio em 1.932.

Com muito trabalho e uma boa administração fez durante sua vida uma pequena fortuna, segundo seu inventário, a esposa recebeu bens avaliados em cento e trinta e nove contos, seiscentos e cinqüenta mil réis e cada um de seus treze filhos, a quantia de dez contos, setecentos e quarenta e dois, trezentos e sete réis.

A chácara “Água Santa” na época de seu falecimento possuía 142 alqueires, a fazenda “Sete Lagoas”, na comarca de Ituverava possuía, 887 alqueires, sendo 400 em serrado de primeira, um sítio em Ribeirão Corrente (não foi mencionado sua área), havia ainda 155 lotes na Vila Chico Júlio e 18 lotes na Vila Nicácio, sem contar as casas existentes tanto na chácara como na fazenda Sete Lagoas, máquina de beneficiar café em Franca, e a olaria na fazenda Sete Lagoas em Ituverava.

Maria Alves da Conceição faleceu em Franca no dia 08 de Maio de 1.947, sendo sepultada no cemitério da Saudade.